Relacionamento Tóxico/Abusivo: Reconhecendo os Sinais – Parte 1

(Imagem: Freepik)
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Os relacionamentos abusivos representam uma realidade sombria que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Não importa a idade, gênero, orientação sexual ou status socioeconômico. O relacionamento abusivo pode se manifestar de várias formas, inclusive dentro da própria família e ter consequências devastadoras para a saúde física, emocional e psicológica das vítimas.

Comigo não foi diferente. Eu tinha um sonho e o predador identificou esse sonho. Agiu da forma perfeita para me prender. Ele me deu atenção, cuidados, simpatia e um filho. Eu era a presa perfeita. Mulher, independente, feliz, aparentemente bem resolvida… Exceto o lado afetivo e emocional e esse lado comanda muitos outros da nossa vida.

Vale ressaltar que uma criança, não acolhida em alguma fase do seu desenvolvimento, ao atingir a idade adulta, pode se transformar em uma presa fácil para um abusador. Acredito que a minha fragilidade emocional veio de algumas faltas na infância, contudo esse é um assunto para um outro momento.

 

O Que é um Relacionamento Abusivo?

 

Um relacionamento abusivo pode ser resumido pelo desejo de controlar o outro. Esse comportamento surge aos poucos, sutilmente.

Há 10 anos a minha leitura inicial foi de que ele era uma pessoa atenciosa e cuidadosa. Por esse comportamento surgir de forma gradual, dificulta a sua identificação inicial.

Contudo o mais curioso é que após se libertar dos abusos, a vítima consegue identificar os pontos de alerta que o predador deu desde o início do relacionamento.

Sim, os predadores dão vários sinais, no entanto a carência não nos permite enxergar de imediato.

 

Como o abusador age e como foi comigo?

 

Ciúmes excessivos, proibições, afastamento de parentes e amigos, tudo de forma muito regrada e com tom de zelo e cuidado. O abusador aponta nos parentes e amigos da vítima o que ele tem de pior dentro dele. Faz a vítima acreditar. Além do mais, essa não é uma tarefa difícil para o abusador. Lembra das faltas da infância? Nós entramos em choque. É um conflito generalizado. Chegamos a agradecer por finalmente termos alguém que nos ame de verdade.

Depois que conseguem nos isolar, começam a nos diminuir. Ainda de forma carinhosa eles soltam um “eu faço, você não vai conseguir”. Aos poucos eles vão nos fazendo acreditar que não somos capazes o suficiente e que precisamos melhorar: “Eu estou falando pois quero o seu bem” é uma das frases que o abusador costuma usar.

Então, por não nos acharmos bons o suficiente, ficamos com medo de perder aquela pessoa tão “especial” que está nos “ajudando a melhorar”.

Bingo! Esse era o sentimento que o predador estava buscando em você para poder retirar a máscara de cordeiro e virar o predador que sempre foi.

Tipos de Relacionamentos Abusivos

 

Violência emocional, física, patrimonial, financeira, sexual fazem parte do conjunto de violências sofridas pela vítima de um relacionamento abusivo.

Eu sofri violência emocional e patrimonial com esse relacionamento. Ao menos é o que consigo identificar após todos esses anos. Ainda assim, não duvido que consiga identificar outras formas de violência sempre que recordar esse período da minha vida. Contudo lembro que houve uma tentativa de violência física, mas eu consegui me defender.

Cheguei a ouvir que eu não era uma mulher boa o suficiente e por isso havia perdido o meu filho. “Deus tinha me castigado”. A propósito, a madrugada em que perdi o meu filho, sangrei por horas, tive diarreia, vomitei, sujei o banheiro todo, corredor e paredes da casa. Depois, exausta e sentindo muita dor, precisei limpar tudo sozinha. Ele havia ido assistir a um jogo de futebol.

Sem sombra de dúvidas foi a pior madrugada da minha vida e após esse episódio as coisas só pioraram na relação. Foi o início da minha intuição. Ainda que eu estivesse muito frágil e vulnerável para reagir, foi quando eu percebi que ali não havia cuidado e amor.

Foram quase 2 anos dentro de um relacionamento que me sugou emocionalmente de todas as formas que nunca pude imaginar.

Até conseguir a libertação dessa relação, sofri sozinha morando em outro estado longe de parentes e amigos. Senti muita vergonha por estar naquela situação.

Fui traída diversas vezes e corri risco de vida, uma vez que as nossas discussões eram de proporções gigantescas. Infelizmente, mesmo sendo uma mulher independente, eu estava presa em uma teia emocional.

Esse relacionamento desenvolveu um lado triste e sombrio que nunca imaginei que pudesse existir dentro de mim.

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