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Sinais de um Relacionamento Abusivo
Inicialmente um abusador jamais irá se aproximar de forma grosseira e inconveniente. Ao contrário, normalmente eles estudam a vítima ainda que superficialmente. Assim eles conseguem identificar os pontos frágeis de forma sorrateira.
Rapidamente o abusador se transforma na pessoa mais presente e importante da sua vida.
É importante lembrar que crianças e/ou adolescentes feridos provavelmente se tornarão uma presa fácil para o abusador caso não tenham suas feridas tratadas.
Alguns sinais comuns de um relacionamento abusivo incluem:
– Controle excessivo, ainda que camuflado de cuidados e amor;
– Manipulação emocional, incialmente também camuflada de cuidados, elogios e posteriormente se transforma em críticas, ameaças e chantagens deixando a vítima em estado permanente de tensão.;
– Isolamento, o parceiro abusivo isola a vítima de amigos, familiares e redes de apoio, tornando-a mais vulnerável;
– Desvalorização, o abusador passa a diminuir a autoestima da vítima, faz com que a mesma se sinta incapaz, feia e inútil;
– Tratamento de silêncio, quando o abusador se mostra chateado, mas não dialoga sobre o assunto causando crises de ansiedade na vítima e fazendo com que ela se sinta ainda mais culpada.
Dessa forma, ele aproveita um momento favorável para para expor as chateações e bombardear a vítima de culpas.
– Violência física ou sexual;
– Violência patrimonial, quando o abusador consegue tomar bens móveis, imóveis e dinheiro da vítima.
Os sinais na minha história
Existem muitas outras formas de abuso quando percebemos que uma relação tóxica também pode ocorrer entre parentes próximos, amigos e inclusive, colegas de trabalho.
A relação abusiva que vivi no passado me fez experimentar quase todos os abusos citados acima.
Entre eles, a violência emocional, diminuição de autoestima me fazendo engordar quase 40kg e a violência patrimonial quase me levaram a ruína.
Eu sempre pratiquei exercícios físicos, mas foi uma das primeiras coisas que ele conseguiu me tirar.
Acreditei que seria uma fase e que logo conseguiria retornar, mas eu entrei numa rotina de trabalho frenética e além de tudo precisava cuidar da casa. Ele não fazia nada em casa.
Ele era um homem independente como eu, mas curiosamente, me conquistou com o que descobriu ser um dos meus sonhos (o filho) e aproveitou esse momento para fazer negócios em meu nome.
Grávida e feliz, eu assinei papeis que não deveria. Eu fiz transferências de valores que não deveria, mesmo já tendo visto um e-mail de uma ex-namorada dele cobrando valores que ele tinha pego “empresado” durante a relação dos dois.
O fato é que foi possível perceber que havia algo errado logo no início. Aquele e-mail era um alerta de que ele tinha o costume de endividar mulheres mesmo aparentemente não tendo a necessidade de fazer isso para sobreviver. Parecia uma forma de manter a mulher presa em sua teia.
A grande questão
A pergunta é: Por qual motivo eu continuei assinando papéis e entregando o meu dinheiro e o meu tempo a ele mesmo tendo o conhecimento de que ele já devia valores a uma ex-namorada? Eu fatalmente seria a próxima vítima.
Entretanto um adulto que tem dentro de si uma criança ferida é capaz de perceber o abuso, porém a reação natural que deveria ocorrer diante daquela situação é completamente abafada pelo medo de perder a única pessoa que oferece migalhas de atenção.
Eu caminhava pelas ruas grávida e feliz enquanto ele destruía vários anos de estudos e de trabalhos meus. Eu não pensava em nada além do meu filho e em como tudo seria com ele em minha vida. Estava completamente dependente da minha escolha.
Ainda que já estivesse sendo destratada, eu tinha a obrigação de fazer aquilo funcionar e dar certo. Afinal de contas eu havia largado tudo no local em que vivia para abraçar outra oportunidade no estado em que ele morava.
Não existia um “Plano B”. Fiquei tomada pela minha gravidez por todos os meus poros. Eu era a mulher mais poderosa do mundo até ouvir que não havia mais batimentos cardíacos. O médico quando me deu a terrível notícia disse também que eu fui a mulher mais silenciosa ao receber aquela sentença que ele já tinha visto. Normalmente as mulheres se revoltam, chutam móveis, gritam… Eu queria poder dizer a esse médico que eu grito por dentro há mais de 10 anos.
Eles sempre dão sinais
Eu já fui embora da minha cidade grávida e muito feliz. Entretanto antes de realizar a minha mudança, já tínhamos discussões pois ele cobrava que eu fosse embora imediatamente. Eu gostaria de fazer tudo com calma por causa da gravidez.
O resultado foi que perdi sangue durante uma discussão e terminei em uma emergência hospitalar. Lá foi constatado que o meu filho estava bem, mas que eu precisaria de repouso absoluto.
Ele não aceitou e esse deveria ter sido o basta para mim, porém eu não consegui enxergar o egoísmo e resolvi fazer a mudança imediatamente colocando a vida do meu filho em risco.
A minha gravidez já começou sem paz e eu me culpo todos os dias por isso.
Impacto do Relacionamento Abusivo
O impacto de um relacionamento abusivo pode ser profundo e duradouro. As vítimas podem sofrer de ansiedade, depressão, baixa autoestima, entre outros transtornos. Eu me tornei uma pessoa extremamente ansiosa.
É fundamental que as vítimas de relacionamentos abusivos busquem ajuda e apoio. Isso pode incluir falar com amigos ou familiares de confiança ou mesmo buscar um profissional da área de psicologia quando há condições financeiras.
Eu ainda não busquei apoio profissional, mas procurei atividades alternativas como exercícios físicos, artesanato, artes e especialmente o teatro, coisa que ele também conseguiu me afastar.
A propósito eu sou atriz e falo um pouco desse meu lado em “Sobre”. Diante de tudo isso acredito que o mais essencial foi alardear essa história para outras pessoas. Desde que saí daquele lugar eu não parei mais de contar a minha história sempre que tenho oportunidade.
No início fui muito julgada, pedi desculpas para as pessoas amigas que briguei por causa desse relacionamento, mas ainda não pedi desculpas para todos.
Existem mais pessoas que eu preciso me desculpar e sinto que ainda falta muito para superar tudo, mas o meu objetivo é conseguir sentir paz e não me culpar tanto por ter acreditado em alguém e por ter perdido o meu filho.